terça-feira, 24 de setembro de 2013

Os sacramentos: batismo, mergulho em uma nova vida

Batismo de Jesus. Detalhe de forro da
Matriz de Santo Antônio, Santa Bárbara-MG
A palavra batismo significa “imersão”. Simbolicamente é como se uma pessoa, ao ser batizada, “lavasse a alma”, ou seja, saísse novamente das águas para uma nova vida. O catecúmeno, nome dado a quem receberá esse sacramento, é “sepultado” nas águas e ressuscita como alguém novo.

Esse é o primeiro dos três sacramentos de iniciação cristã (os outros são a confirmação e a Eucaristia). Embora todos muito importantes para os católicos, esse sinal tem um caráter peculiar. É um jeito de a pessoa assumir que pertence ao grupo de filhos de Deus e quer fazer parte da comunidade cristã.

No caso de batismo de recém-nascidos, os pais e padrinhos assumem, em nome das crianças, o compromisso de pertencer à comunidade cristã. Isso tem um significado especial. É como se os pais dissessem “Se ser cristão é bom para nós, então queremos o mesmo para nosso filho”. Na adolescência, com o sacramento da confirmação (ou crisma), os jovens têm uma nova oportunidade de assumir com mais clareza a vida cristã, mas não se deve achar que a crisma é um aperfeiçoamento do batismo.

Mesmo sendo o próprio Filho de Deus, Jesus Cristo também foi batizado por São João Batista (observe a relação entre o apelido e a “profissão” de João). Isso foi uma forma encontrada por Jesus para mostrar que veio realmente para estar no meio de nós, seguindo os nossos costumes (os bons, é claro).

Saiba mais


- Conheça os sacramentos da Igreja Católica

- BORTOLINI, José. Os sacramentos em sua vida. 15. ed. São Paulo: Paulus, 1991.

- Catecismo da Igreja Católica (números 1213 a 1284)

- Código de Direito Canônico (cânones 849 a 878)

- Compêndio do Catecismo (números 252 a 264)

- Leia sobre o batismo de Jesus:

Evangelho de São Mateus, capítulo 3, versículos de 13 a 17;
Evangelho de São Marcos, capítulo 1, versículos 9 a 11;
Evangelho de São Lucas, capítulo 3, versículos 21 e 22.




Conheça os sacramentos da Igreja Católica

Santa Ceia. Mestre Athayde (1828).
Colégio do Caraça, Minas Gerais
Para a Igreja, os sacramentos são os sinais claros e palpáveis do amor de Deus para com os homens. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, eles foram instituídos por Cristo e confiados à igreja.

É bom lembrar que sinal não é o mesmo que símbolo. Símbolo traz em si uma ideia. Por exemplo, quando os namorados trocam presentes, isso simboliza o amor entre eles. O sinal, por sua vez, é, em si, o que ele manifesta. Por serem sinais, a fé católica acredita que os sacramentos não simbolizam a presença ou a bondade de Deus, mas já as trazem consigo. Um exemplo é a Eucaristia. Para os católicos, o pão ázimo, depois de consagrado na missa, não representa Jesus, mas é Ele próprio.

Na Igreja Católica, os sacramentos são sete:

Sacramentos da iniciação cristã
- Batismo
- Confirmação (ou crisma)
- Eucaristia

Sacramentos ao serviço da comunhão e missão
- Ordem
- Matrimônio

Sacramentos da cura

- Penitência (ou reconciliação)
- Unção dos enfermos (erradamente chamado de “extrema-unção”)

Saiba mais


- BORTOLINI, José. Os sacramentos em sua vida. 15. ed. São Paulo: Paulus, 1991.

- Compêndio do Catecismo (números 250 a 350)

- No blogue "A Igreja quase sem mistério", veremos com mais detalhes cada um dos sete sacramentos.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Em que os católicos acreditam: Deus, o criador de tudo

A criação de Adão. Michelangelo (1475-1564). Capela Sistina, Vaticano

O cristão acredita que Deus é o criador das coisas visíveis e invisíveis. A Bíblia apresenta essa atitude divina no mito da criação, no Livro de Gênesis (do capítulo 1º ao capítulo 2º, versículo 5). É necessário, no entanto, refletir sobre um ponto.

Evolução ou criação?


Parece estranho, mas ainda neste Terceiro Milênio, há quem acredite que a criação do mundo foi exatamente como está narrado no início do livro do Gênesis (o primeiro da Bíblia). Isso provoca um debate entre os que leem a Bíblia ao pé da letra e os que defendem descobertas científicas e outras interpretações a respeito do surgimento da vida.

Antes de qualquer coisa, é oportuno esclarecer que não deveria haver incompatibilidade entre acreditar em um Deus Criador e, ao mesmo tempo, saber que a vida surgiu de uma série de fatores naturais que geraram a primeira célula. Um pensamento não anula o outro.

Há, no entanto, fortíssimos movimentos, sobretudo nos Estados Unidos, que pregam que a explicação bíblica da criação é a verdadeira e única tese para o surgimento da vida. Grupos extremamente conservadores (“fundamentalistas” seria a melhor denominação) chegam mesmo a proibir o ensino das descobertas científicas sobre a evolução das espécies.

O mito bíblico da criação do mundo, na verdade, tem uma finalidade teológica, ou seja, é uma explicação espiritual. Não é um tratado científico ou histórico. Está implícita uma verdade de fé, que diz que Deus é o Pai de toda criação e que Ele a abençoa porque tudo o que criou é bom, e que ele conta com o ser humano para continuar e cuidar da criação, conforme está escrito no primeiro capítulo do livro do Gênesis.

No caso da criação do homem, a passagem bíblica (com um texto sublime, diga-se) conta que Deus criou Adão (substantivo comum que significa “aquele que vem da terra”) e Eva (também um substantivo comum: “aquela que dá a vida”). Adão foi moldado da argila, e Eva, da costela do “primeiro homem”. Não há necessariamente referência a um casal, mas ao gênero humano como um todo. Portanto não se deve achar que deles é que surgiram todas as pessoas. Paulo Bazaglia (veja referência a seguir) diz que a crença na narrativa da criação como fato histórico é o mesmo que esperar Papai Noel ou acreditar que a cegonha é quem traz crianças ao mundo.

Fica aqui o alerta: ler a Bíblia ao pé da letra é uma grande armadilha. No mínimo, leva ao fundamentalismo e pode acabar em contradição, pois, em nome de uma fé cega, acaba por ofuscar a contemplação da grandiosidade da obra divina.

Saiba mais


- Compêndio do Catecismo da Igreja

- Vale a pena conhecer o livro de Gênesis (o primeiro da Bíblia). O belo texto da criação é muito famoso (Gn 1-2,5).

- BAZAGLIA, Paulo. Primeiros passos com a Bíblia. São Paulo: Paulus, 2004.



domingo, 15 de setembro de 2013

A Bíblia: quem a escreveu e quando

Versão de 1590 da Vulgata
A Bíblia foi escrita aos poucos, por diversas pessoas, geralmente registrando tradições orais. Pode-se dizer que o autor do Livro Sagrado é o próprio povo. Uma comunidade que viveu e transmitiu as experiências de relação com Deus, com base em fatos do cotidiano.

Alguns estudiosos acreditam que a Bíblia começou a ser elaborada a partir do século IX antes de Cristo e foi concluída no final do século I. É interessante observar que a disposição de muitos livros bíblicos não é necessariamente ordenada cronologicamente. Alguns, como os proféticos, por exemplo, são dispostos de acordo com a extensão do texto.

Os idiomas originais


Os textos bíblicos originais foram escritos em hebraico, aramaico e grego. A maior parte do Primeiro Testamento (conhecido também como Antigo Testamento) foi redigida em hebraico, língua oficial do povo israelita. Alguns livros do Primeiro e todo o Segundo Testamento (chamado também de Novo Testamento) foram registrados em grego. Trechos dos livros de Esdras e Daniel foram grafados em aramaico.

Por volta do século III a.C., o texto judaico foi todo traduzido para o grego. O objetivo era atender principalmente aos vários judeus espalhados pelo mundo conhecido da época e que só falavam a língua helênica. Uma antiga história conta que esse trabalho de tradução foi feito por 70 sábios, por isso ele é conhecido como Versão dos Setenta.

A partir do século II d.C., os seguidores de Jesus começaram a passar o texto sagrado para o latim, a chamada “Vetus latina” (a antiga tradução do latim). Essa versão não é unânime entre os estudiosos, pois foram encontradas quase 30 variações do texto. Muitos dizem que esse formato surgiu apenas para suprir a falta do texto sagrado em determinadas comunidades.

Mais tarde, no século IV, São Jerônimo fez uma nova tradução para o latim, mas, desta vez, partiu do texto em língua hebraica para o Primeiro Testamento e o de uma versão da “Vetus latina” para o Segundo Testamento. Esse trabalho ganhou o nome de “Vulgata”. Ainda nos primeiros séculos do cristianismo, a Bíblia ganhou versões para outros idiomas também importantes na época, como o siríaco, árabe, etíope, copta e armênio. Hoje é considerado o “livro” (na verdade, uma coletânea de livros) mais vendido e traduzido em todo o mundo.

Patrono dos tradutores

São Jerônimo. Caravaggio (1573-1610)

São Jerônimo é o padroeiro dos tradutores. Conta-se que o santo tinha um temperamento difícil e uma palavra feroz, mas era muito dedicado à meditação, estudo e tradução das Escrituras. Foi graças a ele que o mundo ocidental pôde apreciar melhor a Bíblia. A Igreja comemora São Jerônimo no dia 30 de setembro, fechando justamente o mês dedicado ao Livro Sagrado.

O trabalho de tradução da Bíblia para as línguas modernas é muito minucioso, pois cada idioma carrega em si traços culturais bem típicos do povo que o fala. No caso da cultura hebraica, muito antiga e diferente da nossa, alguns termos precisam ser bem entendidos para que a mensagem não fique deturpada, levando ao fundamentalismo. É preciso sempre pesquisar em fontes seguras para saber o que realmente as passagens querem transmitir.

Saiba mais


- Compêndio do Catecismo

- BAZAGLIA, Paulo. Primeiros passos com a Bíblia. São Paulo: Paulus, 2004.


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Surpreenda-se: o que dizem os números na Bíblia

"Fui ao concerto e havia 'meia dúzia' de pessoas." Assim nós nos expressamos em português para indicar que poucos (e não necessariamente seis) assistiram à apresentação. Como em nossa cultura, na Bíblia, muitos numerais têm significados curiosos. No texto sagrado, nem sempre os números (e seus múltiplos) se traduzem em quantidades. Vejamos o que significam alguns deles:

2 - Algo em dobro ou de sobra.

3 - Ênfase.

4 - Totalidade.

7 - Perfeição, grande quantidade, término de uma série.

10 - Grande quantidade, arredondamento de números, números completos.

12 - Resultado da multiplicação de 3 e 4. Significa que é um número mais do que completo.

40 - Grande quantidade ou tempo necessário para executar uma tarefa.

666 - Se o número 7 significa perfeição, o número 6 não pode ser considerado perfeito. O número 3 indica ênfase, por isso, o 6 grafado três vezes indica que uma coisa é enfaticamente imperfeita. É o caso, por exemplo, da “Besta do Apocalipse” (Apocalipse, capítulo 13, versículo 18), que a maioria dos teólogos dizem referir-se a Nero, perseguidor dos cristãos.

Saiba mais


- Conheça outros símbolos e expressões da Bíblia.

- BAZAGLIA, Paulo. Primeiros passos com a Bíblia. São Paulo: Paulus, 2004.

- Cebi (Centro de Estudos Bíblicos)

- GRUEN, Wolfgang. Pequeno vocabulário da Bíblia. 12. ed. São Paulo: Paulus, 2000.


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Artigo: "Setembro, Mês da Bíblia"


Wiliam Gonçalves*

Setembro foi escolhido como o Mês da Bíblia porque, no dia 30, a Igreja celebra a memória litúrgica de São Jerônimo, o padroeiro dos estudos bíblicos. Esse presbítero e doutor da Igreja nasceu aproximadamente no ano 350 e morreu em 420. Deixou uma grande obra, constituída principalmente de comentários à Sagrada Escritura. Mas sua principal produção literária foi a tradução latina da Bíblia, chamada Vulgata, que se tornou o texto oficial da Igreja Católica. Curioso é que a palavra “vulgata” é da mesma raiz do verbo que, em latim, significa “divulgar, espalhar, fazer comum”. São Jerônimo desejava que a Bíblia fosse do “vulgo”, da classe popular da sociedade.

Os católicos cremos que a Bíblia é o registro escrito da palavra de Deus dirigida aos homens. Ela é, por antonomásia, a Sagrada Escritura. O Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, em sua questão 18, ensina que “o Espírito Santo inspirou os autores humanos, que escreveram o que ele quis nos ensinar. A fé cristã, todavia, não é uma religião do Livro, mas da Palavra de Deus, que não é uma palavra escrita e muda, mas o Verbo encarnado e vivo”.

Sendo um livro religioso, não procuramos na Sagrada Escritura certezas que não sejam religiosas. Se tentássemos harmonizar os primeiros capítulos do Gênesis com o que se sabe da Pré-história da humanidade ou entender ao pé da letra como pôde o Sol parar a mando de Josué (Js 10,12-14), estaríamos envolvidos por insolúveis e absurdos problemas. Isso porque a Bíblia foi escrita para instrução e edificação da fé, não para servir de manual de ciências naturais.

Importantíssimo para uma boa leitura da Bíblia é descobrir a real intenção dos seus autores e os variados gêneros literários em que ela foi escrita. Tomar qualquer texto bíblico em sentido diferente do que lhe quis dar o escritor sagrado é sempre incorrer em erro e chegar a conclusões indevidas. A veracidade de cada passagem da Bíblia se depreende do seu respectivo gênero literário. Ater-se a estas coisas pode parecer difícil, mas não é. Basta que se leia a Bíblia como a Igreja quer que seja lida: em comunidade. Leituras individuais e solitárias da Escritura serão sempre um perigo. A mensagem de Deus é para seu povo, e é como povo, os pastores e as ovelhas, que a compreendemos devidamente.

Javé é o Deus que gosta de nos presentear. Na primeira página da Bíblia, diz-se que Ele plantou um jardim e ali pôs o homem que havia formado. Jardim cheio de flores, com certeza, era aquele. E setembro é o mês em que as flores desabrocham, e a Igreja nos vem falar da Sagrada Escritura, um jardim com 73 lindas flores. Tudo isso são outros presentes que Ele nos fez. Deus seja louvado!


* Professor, licenciado em Filosofia.


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Conheça o significado de algumas expressões da Bíblia

A Bíblia não deve ser lida ao pé da letra. Por ela ter sido escrita em um contexto histórico, geográfico e cultural diferente do nosso, há muitas marcas que podem fazer os textos soarem estranhos para nós. Há risco, inclusive, de uma mensagem ser totalmente deturpada, como acontece muitas vezes, por exemplo, com o Apocalipse, que tem uma riquíssima simbologia para encorajar os cristãos, mas acaba sendo entendido por muitos como um livro de catástrofes. Vejamos alguns símbolos e expressões da Bíblia:

Água: simboliza purificação, vida, fertilidade.

Alma:
“Minha alma” = eu; “sua alma” = você; e assim por diante.

Ancião: no Segundo Testamento, os chamados anciãos são os coordenadores das comunidades religiosas. A partir do grego, a palavra chegou até nós como “presbítero” (velho, idoso, mas também usada como título de respeito). Esse termo tem tom mais honroso do que propriamente uma indicação de idade.

Anjo: mensageiro, mas essa palavra também lembra o termo “Deus” ou “Criador”.

Apocalipse: palavra do grego que significa “revelação, manifestação, esclarecimento”. O estilo apocalíptico é cheio de símbolos, muito usado na cultura oriental para explicar algo que ninguém consegue esclarecer plenamente. Nos evangelhos, há algumas partes em que Jesus usa esse tipo de linguagem. Veja, por exemplo, o capítulo 24 do Evangelho de São Mateus.

Babilônia: muitas vezes, termo usado como símbolo do opressor, do inimigo.

Carne: o corpo humano ou dos animais. Também representa a fraqueza humana ou indica que alguém é parente.

Casa: morada, família, sociedade.

Céu: morada simbólica de Deus.

Chifre: símbolo de poder e força.

Cinzas: brevidade da vida, dor, luto e penitência.

Colheita: símbolo de alegria, do juízo divino, prestação de contas.

Coração: consciência, intenção, íntimo de uma pessoa.

Demônio: representa a inimizade com Deus. Por várias vezes, Jesus expulsa os demônios, simbolizando que Deus está no meio dos homens. Representa também doenças, impureza ou outros males.

Deserto: solidão, carestia. Pode também designar purificação, silêncio, lugar de reflexão e encontro com Deus.

Diácono: aquele que é servidor.

Discípulo: seguidor, aprendiz.

Espinho: símbolo da inutilidade, aquilo que não dá fruto.

Espírito: vento, hálito, sopro vital, brisa.

Face: intimidade, individualidade de cada pessoa.

Fenômenos da natureza: terremotos, tempestades, trovões, raios, ventanias são indicações bíblicas de que Deus se manifesta em alguma situação.

Fogo: simboliza a presença de Deus, castigo, purificação e amor.

Irmão: além do filho dos mesmos pais, indica parentes próximos (sobrinho, tio, cunhado, primo) ou membro de um mesmo grupo (colega ou conterrâneo, por exemplo).

Lâmpada: vigilância, presença de Deus. A “lâmpada que não se apaga” também representa uma descendência de muitos anos.

Lepra: qualquer doença de pele (curáveis ou não), mofo e mancha em uma superfície. Segundo o teólogo Wolfang Gruen, essa palavra deveria ser substituída nas traduções bíblicas por outras mais adequadas.

Óleo: representa força e santidade.

Pastor: líder político e religioso. Em Israel, no entanto, os pastores (camponeses) eram marginalizados pela sociedade. Como “ironia divina”, esses trabalhadores foram os primeiros homens a saberem do nascimento de Jesus (veja o capítulo 2 do Evangelho de Lucas). O Cristo também se autodenominou “o Bom Pastor” (Evangelho de João, capítulo 10, versículos 11 a 15).

Pedra: solidez, invencibilidade, firmeza.

Perfume: símbolo da alegria. Esse também é, até hoje, o sentido do incenso, que representa o doce aroma das orações que sobem a Deus.

Profeta:
pessoa que, corajosamente, denuncia as injustiças e anuncia a mensagem de Deus. Ainda hoje existem esses corajosos homens e mulheres. Todos os batizados, no entanto, são chamados a ser profetas.

Ressurreição:
recomeço, vida nova, uma nova chance. É um dos principais alicerces da fé cristã.

Rins: para a antiga cultura hebraica, é o lugar dos sentimentos profundos.

Sangue: símbolo da vida dada por Deus.

Satanás: o adversário, o que prova a fé do homem. É bom observar que o uso desse termo é principalmente simbólico.

Selo: símbolo de que algo pertence a alguém.

Testamento: o mesmo que pacto, acordo.

Vinho: na Bíblia, simboliza principalmente a alegria.

Saiba mais


- Quem desejar aprofundar-se nos símbolos bíblicos, é interessante pesquisar em livros especializados. Há dicionários e livros que tratam desse tema. Para consultas rápidas, recomendo o bem elaborado “Pequeno vocabulário da Bíblia”, do salesiano padre Wolfgang Gruen (Editora Paulus).

- A Igreja mantém em sua liturgia muitos símbolos e gestos semelhantes aos da Bíblia.

- Conheça o significado dos números na Bíblia.


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Saiba como fazer citações da Bíblia

Por existirem diferentes traduções, é quase impossível citar a Bíblia da mesma maneira que se faz com outros livros, ou seja, pela página. Para facilitar esse processo, o texto foi dividido em capítulos e em versículos (= pequenos versos). Cada livro é citado com uma abreviatura (veja lista mais abaixo).

Vamos saber como são as regras para fazer referência a textos bíblicos. Veja os exemplos:

- Is 7 - todo o capítulo 7 do livro de Isaías.

- Is 7,13 - Isaías, capítulo 7, versículo 13. Note que a referência de capítulo e versículo é separada por vírgula.

- Is 7,13-15 - Isaías, capítulo 7, versículos 13 a 15. Para indicar versículo contínuos, usa-se um hífen.

- Is 7,14.16 - Isaías, capítulo 7, versículos 14 e 16. Ao citar versículos que não estão em sequência, basta colocar um ponto entre os números.

- Lc 1-3 - capítulo 1 a 3 do Evangelho de São Lucas. No caso de capítulos em sequência, também se usa hífen.

- Lc 2.5.8 - Evangelho de São Lucas, capítulos 2, 5 e 8.

- Jo 13,37; 14,1; 15,5 - Evangelho de São João, capítulo 13, versículo 37; capítulo 14, versículo 1; capítulo 15, versículo 5. Note que, em citações de versículos de diversos capítulos, usa-se o ponto e vírgula.

- Mc 2,27-3,5 - versículo 27 do capítulo 2 até o versículo 5 do capítulo 3 do Evangelho de São Marcos.

Lista de abreviatura dos livros (ordenada alfabeticamente)

(Ab) Abdias
(Ag) Ageu
(Am) Amós
(Ap) Apocalipse (ou Revelação)
(At) Atos dos Apóstolos
(Br) Baruc
(Cl) Carta aos Colossenses
(1Cor) Primeira Carta aos Coríntios
(2Cor) Segunda Carta aos Coríntios
(1Cr) Primeiro Livro das Crônicas
(2Cr) Segundo Livro das Crônicas
(Ct) Cântico dos Cânticos (ou Cantares, ou Cânticos de Salomão)
(Dn) Daniel
(Dt) Deuteronômio
(Ecl) Eclesiastes (ou Coélet)
(Eclo) Eclesiástico (ou Sirácida)
(Ef) Carta aos Efésios
(Esd) Esdras
(Est) Ester
(Ex) Êxodo
(Ez) Ezequiel
(Fl) Carta aos Filipenses
(Fm) Carta a Filêmon
(Gl) Carta aos Gálatas
(Gn) Gênesis
(Hab) Habacuc
(Hb) Carta aos Hebreus
(Is) Isaías
(Jd) Carta de São Judas
(Jl) Joel
(Jn) Jonas
(Jó) Jó
(Jo) Evangelho segundo São João
(1Jo) Primeira Carta de São João
(2Jo) Segunda Carta de São João
(3Jo) Terceira Carta de São João
(Jr) Jeremias
(Js) Josué
(Jt) Judite
(Jz) Juízes
(Lc) Evangelho segundo São Lucas
(Lm) Lamentações
(Lv) Levítico
(Mc) Evangelho segundo São Marcos
(1Mc) Primeiro Livro dos Macabeus
(2Mc) Segundo Livro dos Macabeus
(Ml) Malaquias
(Mq) Miqueias
(Mt) Evangelho segundo São Mateus
(Na) Naum
(Ne) Neemias
(Nm) Números
(Os) Oseias
(1Pd) Primeira Carta de São Pedro
(2Pd) Segunda Carta de São Pedro
(Pr) Provérbios
(Rm) Carta aos Romanos
(1Rs) Primeiro Livro dos Reis
(2Rs) Segundo Livro dos Reis
(Rt) Rute
(Sb) Sabedoria
(Sf) Sofonias
(Sl) Salmos
(1Sm) Primeiro Livro de Samuel
(2Sm) Segundo Livro de Samuel
(Tb) Tobias
(Tg) Carta de São Tiago
(1Tm) Primeira Carta a Timóteo
(2Tm) Segunda Carta a Timóteo
(1Ts) Primeira Carta aos Tessalonicenses
(2Ts) Segunda Carta aos Tessalonicenses
(Tt) Carta a Tito
(Zc) Zacarias

Normalmente as edições da Bíblia também trazem as regras dessas citações. Em “A Igreja quase sem mistério”, as citações estão sendo feitas por extenso, para facilitar a vida dos que não têm intimidade com as Sagradas Escrituras.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Bíblia: conheça os livros do Antigo Testamento

Profeta Isaías. Aleijadinho (1738?-1814).
Santuário de Bom Jesus de Matosinhos,
Congonhas-MG
A Bíblia adotada pela Igreja Católica tem 73 livros, sendo 46 no Primeiro Testamento (também chamado de Antigo Testamento, entendido como pacto ou aliança antes da vinda de Cristo) e 27 no Segundo Testamento (ou Novo Testamento, novo pacto ou aliança a partir de Cristo).

O também chamado de Antigo Testamento conta a história do povo de Israel desde o mito da criação até a expectativa pela vinda do Messias. Conheça um pouco dos livros do Primeiro Testamento.

O Pentateuco (a Lei)

- Gênesis (Gn)
A criação do mundo, do homem e o início da história do Povo de Deus. É um interessante ponto de interseção entre as três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo.

- Êxodo (Ex)
A saída dos hebreus do Egito em busca da chamada “Terra Prometida”.

- Levítico (Lv)
A formação espiritual do povo hebreu. Traz uma série de normas para o culto e a organização social. O nome se remete aos membros da tribo de Levi, que tinham a função do culto em Israel.

- Números (Nm)

Conta a história do caminho dos hebreus para a “Terra Prometida”.

- Deuteronômio (Dt)

Organização espiritual e até administrativa da sociedade que já se encontrava na “Terra Prometida”.


Os livros históricos

- Josué (Js)
Fala do significado da conquista e da partilha da “Terra Prometida” pelas doze tribos de Israel.

- Juízes (Jz)
Conta a saga das doze tribos de Israel.

- Rute (Rt)
Pela história de Rute, o livro fala dos sofredores que lutam por seus direitos e da amplitude da graça de Deus.

- Primeiro Livro de Samuel (1Sm)
- Segundo Livro de Samuel (2Sm)

Ambos analisam a monarquia em Israel e a autoridade em geral.

- Primeiro Livro dos Reis (1Rs)
- Segundo Livro dos Reis (2Rs)

Os dois livros fazem uma reflexão crítica sobre a história do povo hebreu e dos reis que o governavam.

- Primeiro Livro das Crônicas (1Cr)
- Segundo Livro das Crônicas (2Cr)

Esses livros apresentam uma revisão da história do povo hebreu.

- Esdras (Esd)
- Neemias (Ne)

Os dois livros contam como foi a reorganização da sociedade hebreia depois que os judeus voltam do traumático exílio na Babilônia (583 a 538 a.C.).

- Tobias (Tb)
O homem é sempre acompanhado e protegido por Deus. Nele aparece a figura do arcanjo Rafael. O romance é considerado um clássico da literatura.

- Judite (Jt)
Esse livro mostra como Deus é aliado dos que buscam a liberdade e a vida.

- Ester (Est)
Fala do poder que promove a justiça.

- Primeiro Livro dos Macabeus (1Mc)
No domínio estrangeiro, os judeus lutam pela preservação de suas cultura e fé.

- Segundo Livro dos Macabeus (2Mc)
Mostra a importância da fé diante de um contexto de opressão.


Os livros sapienciais e poéticos

- Jó (Jó)
Com beleza, conta a história de Jó, um homem que perde tudo, mas que mantém a fé em Deus. É considerado um clássico da literatura universal.

- Salmos (Sl)
Tido como o centro do Primeiro Testamento. Cento e cinquenta orações (cânticos) com mensagens para todos os momentos da vida.

- Provérbios (Pr)
Coletânea de pensamentos sobre o cotidiano do antigo povo de Israel. Muitos se aplicam bem à atualidade.

- Eclesiastes (ou Coélet) (Ecl)
Sua mensagem principal diz que vale a pena viver.

- Cântico dos Cânticos (ou Cantares, ou Cânticos de Salomão) (Ct)
Coletânea de cantos de amor, tanto o humano quanto o divino. Um clássico, no mínimo, curioso. Teólogos cristãos afirmam que esse livro representa o amor de Cristo (o noivo) e a Igreja (a noiva).

- Sabedoria (Sb)
Este é o último livro do Antigo Testamento a ser escrito. Retoma a experiência cultural e de fé do povo hebreu.

- Eclesiástico (ou Sirácida) (Eclo)
A importância da preservação da identidade cultural e religiosa do povo israelita.

Detalhe dos Doze Profetas. Aleijadinho (1738?-1814).
Santuário de Bom Jesus de Matosinhos,
Congonhas-MG

Os livros proféticos

- Isaías (Is)
Uma grande obra profética. Fala, entre outras coisas, da grandeza e santidade de Deus. Vários trechos são ligados à história de Jesus. É um dos livros mais importantes do Primeiro Testamento (e o mais extenso).

- Jeremias (Jr)
A ação de Jeremias, um grande profeta que denuncia as injustiças de seu tempo e convoca o povo para uma nova vida.

- Lamentações (Lm)
Livro de cantos fúnebres que falam da destruição de Jerusalém pelos babilônios e o desenrolar desse fato. Também lembra que Deus não abandona seu povo.

- Baruc (Br)
Procura conservar o sentimento religioso dos israelitas dispersos por todo o mundo depois da queda de Jerusalém (587 a 586 a.C.).

- Ezequiel (Ez)
Convoca os israelitas para a conversão e prepara esse povo para um tempo novo.

- Daniel (Dn)
Busca dar esperança ao povo de Deus e, ao mesmo tempo, dá ânimo na luta contra os opressores.

- Oseias (Os)
Vítima de uma desilusão amorosa, Oseias anuncia o amor sempre fiel de Deus e chama de “prostituição” a infidelidade do povo e dos governantes.

- Joel (Jl)
Fala de penitência, julgamento divino e da vitória final do Reino de Deus.

- Amós (Am)
Com uma voz firme e sincera, esse profeta denuncia as injustiças de seu tempo. O objetivo, no entanto, é dar uma mensagem de esperança.

- Abdias (Ab)
Denuncia a falta de solidariedade de aliados de Israel diante do opressor, mas evoca a misericórdia.

- Jonas (Jn)
O profeta que “foi engolido e cuspido pelo peixe” celebra a conversão inclusive daqueles que antes eram inimigos de Deus e dos israelitas.

- Miqueias (Mq)
Denuncia as injustiças sociais, prevê a destruição de Jerusalém e anuncia que o Messias (Jesus) nascerá em Belém.

- Naum (Na)
Fala da queda da Assíria (612 a.C.), opressora de Israel, e adverte que os grandes poderes do mundo não são eternos.

- Habacuc (Hab)
Dá força aos oprimidos e lembra que a justiça pode transformar a sociedade.

- Sofonias (Sf)
Para esse profeta, somente os que não se entregaram ao dinheiro e poder é que poderão resgatar a história do povo de Deus.

- Ageu (Ag)
Procura encorajar e animar para a reestruturação o povo israelita que volta do exílio da Babilônia.

- Zacarias (Zc)
Como Ageu, esse profeta anima o povo de Israel e anuncia o aparecimento do Messias, que será rei, bom pastor, mas “transpassado”.

- Malaquias (Ml)
Chama o povo para a prática de uma espiritualidade sincera e concreta. Lembra também que Deus não se esquece dos que praticam a justiça.

Veja também


- Conheça os livros do Novo Testamento



Bíblia: conheça os livros do Novo Testamento


Dos 73 livros da Bíblia, 27 são do Segundo Testamento (ou Novo Testamento). Essa parte apresenta a mensagem de Jesus e os primeiros passos da Igreja.

Santa Ceia. Mestre Athayde (1828). Colégio do Caraça, Minas Gerais


Evangelhos (= boa notícia)
Mateus, Marcos e Lucas são considerados “sinóticos”, ou seja, com estrutura semelhante. O conteúdo do Evangelho de João tem várias passagens próprias, se comparado aos outros três. 

Imagens dos quatro evangelistas,
entrada da Catedral de Brasília-DF.
A escultura solitária representa São João.

- Evangelho segundo São Mateus (Mt)
Mostra quem é Jesus e o apresenta como aquele que realiza a boa justiça de Deus.

- Evangelho segundo São Marcos (Mc)
Jesus se apresenta principalmente com ações. Deixa-se para o leitor a tarefa de concluir quem é Jesus. Por sua didática, é uma leitura recomendável para os iniciantes no cristianismo.

- Evangelho segundo São Lucas (Lc)
Mostra Jesus como aquele que cria uma nova história de fraternidade. 


- Evangelho segundo São João (Jo)
De estrutura diferente dos três evangelhos anteriores, João relata sete milagres de Jesus (chamados de “sinais”). É um livro de conteúdo profundamente teológico e belo. 


Atos

- Atos dos Apóstolos (At)

É uma espécie de continuação do Evangelho de São Lucas. Relata os primeiros tempos do cristianismo. Um livro muito interessante.


Cartas Paulinas
Mensagens atribuídas ao apóstolo Paulo. 


- Carta aos Romanos (Rm)
Fala aos primeiros cristãos de Roma sobre a salvação que vem de Jesus Cristo.

- Primeira Carta aos Coríntios (1Cor)
Chama à união os cristãos da cidade grega de Corinto. Nessa carta é que está o célebre hino ao amor (capítulo 13).

- Segunda Carta aos Coríntios (2Cor)
Espécie de coletânea de outras mensagens de Paulo ao povo de Corinto (Grécia). 

- Carta aos Gálatas (Gl)
Essa carta é endereçada aos primeiros cristãos da região da Galácia, na Ásia Menor. Convida o povo a uma espiritualidade sincera, sem “legalismos”.

- Carta aos Efésios (Ef)
A epístola aos cristãos de Éfeso chama o povo a viver plenamente conforme a mensagem de Jesus.

- Carta aos Filipenses (Fl)
Essa carta foi endereçada à primeira comunidade cristã da Europa, situada na cidade de Filipos.

- Carta aos Colossenses (Cl)
Dá esclarecimentos à comunidade de Colossas sobre questões da doutrina cristã.

- Primeira Carta aos Tessalonicenses (1Ts)
Dirigida aos cristãos de Tessalônica, importante cidade comercial e cultural no mundo antigo. É o primeiro documento escrito do Segundo Testamento e do cristianismo.

- Segunda Carta aos Tessalonicenses (2Ts)
Entre outros assuntos, fala da segunda vinda de Cristo.

São Paulo Apóstolo.
Praça de São Pedro, Vaticano

- Primeira Carta a Timóteo (1Tm)
Paulo encoraja Timóteo, seu discípulo, a exercer a missão de anunciar o evangelho.

- Segunda Carta a Timóteo (2Tm)
À espera do martírio, em Roma, Paulo continua a encorajar seu discípulo.

- Carta a Tito (Tt)
Muito semelhante à primeira carta a Timóteo, São Paulo esclarece pontos fundamentais da fé cristã.

- Carta a Filêmon (Fm)
Essa é a única escrita de próprio punho por Paulo e a mais breve. Prega a relação fraterna entre os cristãos.


Sermão sobre Cristo

- Carta aos Hebreus (Hb)
Em formato de sermão, fala de Jesus Cristo como único sacerdote e mediador entre Deus e os homens.


Cartas Católicas (= universais)
Escritas para toda a Igreja.

- Carta de São Tiago (Tg)
Atribuída ao apóstolo Tiago, prega que a fé cristã tem validade somente com ações concretas em favor dos mais necessitados.

- Primeira Carta de São Pedro (1Pd)
Atribuída ao apóstolo Pedro, essa carta pede que os cristãos sejam unidos e solidários.

- Segunda Carta de São Pedro (2Pd)
Mesmo com esse nome, acredita-se ter sido composta por outra pessoa. É o último escrito do Segundo Testamento. Prega a esperança.

- Primeira Carta de São João (1Jo)
Escrita pelo apóstolo João ou um de seus discípulos. Prega uma fé concreta, baseada em atitudes.

- Segunda Carta de São João (2Jo)
Também atribuída ao apóstolo João, essa epístola combate doutrinas estranhas aos ensinamentos de cristo.

- Terceira Carta de São João (3Jo)
Esse brevíssimo escrito questiona o bispo Diótrefes, que, talvez por autoritarismo, recusa-se a receber alguns missionários.

- Carta de São Judas (Jd)
É atribuída ao apóstolo Judas Tadeu. Anima os cristãos a manterem-se firmes na fé.


Apocalipse

- Apocalipse (ou Revelação) (Ap)
Esse famoso livro, carregado de linguagem simbólica, anima os cristãos a enfrentarem os difíceis momentos de perseguição pelos quais passariam. Sua autoria é atribuída ao apóstolo João, o mesmo do quarto evangelho.


Veja também


- Conheça os livros do Antigo Testamento



sábado, 7 de setembro de 2013

Deus se revela por uma biblioteca

São Jerônimo (tradutor e estudioso da Bíblia) em seu escritório.
Domenico Ghirlandaio (1480), Igreja de Todos os Santos, Florença, Itália

A doutrina cristã tem como fonte básica a Bíblia. Nela está contida a mensagem de Deus para a humanidade, segundo a fé judaico-cristã. É interessante notar que alguns fatos e personalidades também coincidem com os da fé islâmica.

Ao pé da letra, a palavra Bíblia, originária do grego “biblión”, significa “livrinhos”. E ela é isso mesmo, uma biblioteca de pequenos volumes que trazem mensagens baseadas em determinado contexto e que têm o objetivo de guiar a vida do povo de Israel.

Em poucas palavras, a Bíblia relata um acordo que Deus fez com os israelitas: o Criador promete liberdade, proteção e vida àquele povo, e este promete viver na fraternidade, seguindo a vontade de Javé (nome dado a Deus). Da parte da humanidade, no entanto, esse pacto foi (é) sempre quebrado, o que não ocorre do lado de Deus.

Atualmente há uma tendência em se dizer que, na Bíblia, “está contida” a palavra de Deus, em vez de se dizer que ela é puramente “a” palavra de Deus. Isso porque há muita coisa na Sagrada Escritura mais baseada no jeito humano de pensar (com erros e acertos) do que necessariamente na vontade de Deus. Mas, no geral, é importante saber que, para os cristãos, é por meio da Bíblia que a humanidade pode, de forma mais direta, conhecer o Criador.

Saiba mais


- Compêndio do Catecismo

- BAZAGLIA, Paulo. Primeiros passos com a Bíblia. São Paulo: Paulus, 2004.


sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Saiba por que as bíblias não são iguais

Todas as bíblias, desde que tenham uma tradução digna, são recomendáveis. Mas há diferenças entre as versões usadas pelos católicos e pelos protestantes. Antes de tudo, é importante salientar que ambas são fontes de fé e de revelação, por isso devem ser profundamente respeitadas, aliás, como qualquer outro livro tido como sagrado.

A diferença principal entre as duas é no número de livros. Na Bíblia usada pelos católicos, há alguns textos a mais no Primeiro Testamento. São eles: Baruc, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Macabeus (os dois), grande parte do livro de Ester e trechos do livro de Daniel. Esses escritos são chamados de “deuterocanônicos”, ou seja, que foram considerados canônicos (eclesiasticamente legais) mais tarde, depois que os outros livros do Primeiro Testamento já estavam organizados. As igrejas Católica e Ortodoxa consideraram esses textos como inspirados, ou seja, foram reconhecidos entre aqueles que também trazem a palavra de Deus. Aos poucos, algumas igrejas protestantes também já os incorporam.

Mas, por que existe essa diferença? A explicação é fácil. No princípio, o Primeiro Testamento existia somente em hebraico, língua acadêmica do povo de Israel. Com a emigração de judeus para várias partes do mundo conhecido da Antiguidade, eles sentiram a necessidade de traduzir o texto sagrado para o grego, idioma predominante na época. Nessa adaptação, foram acrescentados alguns livros mais recentes e que não estavam na Bíblia hebraica. São justamente os que constam da Bíblia usada pelos católicos.

No caso do Segundo Testamento, não há variação estrutural entre as bíblias. O que pode haver é somente diferença de traduções, mas com a mesma mensagem.

Outra curiosidade nas bíblias lidas pelos católicos é que, geralmente, há nelas muitas notas de rodapé, com explicações sobre as passagens. Isso não é muito comum em nas versões usadas protestantes.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Sete dicas para ler a Bíblia

A Bíblia é uma fonte inesgotável de espiritualidade e de força para o dia a dia. Mas é preciso ter cuidado com as leituras descontextualizadas ou ingênuas, levando ao fundamentalismo e até ao medo. Veja, a seguir, sete dicas para conhecer melhor a mensagem bíblica.

Entender o contexto

A Bíblia é uma obra diferente, não foi escrita para ser lida de uma só vez. Cada livro precisa ser entendido com base na situação em que foi elaborado. Leituras apressadas e sem reflexão podem deturpar seriamente a mensagem.

A Bíblia é para iluminar

Normalmente as Sagradas Escrituras não trazem respostas prontas para as situações do cotidiano. Para entendermos o que ela transmite, precisamos fazer uma leitura adaptada para a nossa história. Somente assim a Bíblia se torna uma fonte inesgotável de sabedoria.

Não ler ao pé da letra

Muitas coisas na Bíblia não podem ser tomadas literalmente. Diversos gestos, números e até personagens são simbólicos. Por ter sido escrita em época, língua, região e culturas diferentes da nossa, corre-se o risco de acharmos coisas estranhas para os nossos costumes. Por isso, entender a simbologia é importantíssimo para que compreendamos a riquíssima mensagem da Bíblia. Uma má leitura da Bíblia leva ao fundamentalismo.

A Bíblia é fruto de uma experiência comunitária

Algumas pessoas acham que a Bíblia é um livro mágico, que dá respostas isoladas para situações particulares. Isso é um erro. As Sagradas Escrituras são fruto de uma experiência feita por uma comunidade que, como a nossa, tinha virtudes e defeitos. Saber disso ajuda a entender a profundidade das mensagens.

A Bíblia é um livro de religião

O Texto Sagrado tem pouquíssima intenção de trazer pormenores de ciência. A cultura oriental, diferentemente da grega (pela qual fomos influenciados), não se preocupa tanto em dar conceitos, fórmulas, bases teóricas. Por isso, a Bíblia deve ser vista como um livro de experiência espiritual. Segundo Paulo Bazaglia, em seu livro “Primeiros passos com a Bíblia”, ler como relato histórico a narrativa da criação (mito de Adão e Eva, no Livro do Gênesis), por exemplo, seria o mesmo que acreditar que cegonha é quem traz os bebês ou em Papai Noel.

A mensagem bíblica não gera medo

Por mais dramático que seja uma história bíblica, a mensagem final sempre é a de esperança e não a de medo ou tristeza. A leitura cuidadosa das Sagradas Escrituras mostra que Deus sempre cuida de seu povo, ainda que este esteja em situações extremamente difíceis. É equivocada, portanto, qualquer interpretação que leva ao medo.

Ler em clima de oração

Justamente por ser um livro religioso, as igrejas cristãs recomendam que a Bíblia seja lida, refletida e, principalmente, aplicada em um clima de oração. De preferência, deve ser recitada em comunidade, em família. Hoje há muitos métodos de leitura e meditação da Sagrada Escritura. Um deles é a “leitura orante da Bíblia”. Vale a pena pesquisar sobre o assunto.


Saiba mais



- Cebi (Centro de Estudos Bíblicos)

- BAZAGLIA, Paulo. Primeiros passos com a Bíblia. São Paulo: Paulus, 2004.