A Bíblia não deve ser lida ao pé da letra. Por ela ter sido escrita em um contexto histórico, geográfico e cultural diferente do nosso, há muitas marcas que podem fazer os textos soarem estranhos para nós. Há risco, inclusive, de uma mensagem ser totalmente deturpada, como acontece muitas vezes, por exemplo, com o Apocalipse, que tem uma riquíssima simbologia para encorajar os cristãos, mas acaba sendo entendido por muitos como um livro de catástrofes. Vejamos alguns símbolos e expressões da Bíblia:
Água: simboliza purificação, vida, fertilidade.
Alma: “Minha alma” = eu; “sua alma” = você; e assim por diante.
Ancião: no Segundo Testamento, os chamados anciãos são os coordenadores das comunidades religiosas. A partir do grego, a palavra chegou até nós como “presbítero” (velho, idoso, mas também usada como título de respeito). Esse termo tem tom mais honroso do que propriamente uma indicação de idade.
Anjo: mensageiro, mas essa palavra também lembra o termo “Deus” ou “Criador”.
Apocalipse: palavra do grego que significa “revelação, manifestação, esclarecimento”. O estilo apocalíptico é cheio de símbolos, muito usado na cultura oriental para explicar algo que ninguém consegue esclarecer plenamente. Nos evangelhos, há algumas partes em que Jesus usa esse tipo de linguagem. Veja, por exemplo, o capítulo 24 do Evangelho de São Mateus.
Babilônia: muitas vezes, termo usado como símbolo do opressor, do inimigo.
Carne: o corpo humano ou dos animais. Também representa a fraqueza humana ou indica que alguém é parente.
Casa: morada, família, sociedade.
Céu: morada simbólica de Deus.
Chifre: símbolo de poder e força.
Cinzas: brevidade da vida, dor, luto e penitência.
Colheita: símbolo de alegria, do juízo divino, prestação de contas.
Coração: consciência, intenção, íntimo de uma pessoa.
Demônio: representa a inimizade com Deus. Por várias vezes, Jesus expulsa os demônios, simbolizando que Deus está no meio dos homens. Representa também doenças, impureza ou outros males.
Deserto: solidão, carestia. Pode também designar purificação, silêncio, lugar de reflexão e encontro com Deus.
Diácono: aquele que é servidor.
Discípulo: seguidor, aprendiz.
Espinho: símbolo da inutilidade, aquilo que não dá fruto.
Espírito: vento, hálito, sopro vital, brisa.
Face: intimidade, individualidade de cada pessoa.
Fenômenos da natureza: terremotos, tempestades, trovões, raios, ventanias são indicações bíblicas de que Deus se manifesta em alguma situação.
Fogo: simboliza a presença de Deus, castigo, purificação e amor.
Irmão: além do filho dos mesmos pais, indica parentes próximos (sobrinho, tio, cunhado, primo) ou membro de um mesmo grupo (colega ou conterrâneo, por exemplo).
Lâmpada: vigilância, presença de Deus. A “lâmpada que não se apaga” também representa uma descendência de muitos anos.
Lepra: qualquer doença de pele (curáveis ou não), mofo e mancha em uma superfície. Segundo o teólogo Wolfang Gruen, essa palavra deveria ser substituída nas traduções bíblicas por outras mais adequadas.
Óleo: representa força e santidade.
Pastor: líder político e religioso. Em Israel, no entanto, os pastores (camponeses) eram marginalizados pela sociedade. Como “ironia divina”, esses trabalhadores foram os primeiros homens a saberem do nascimento de Jesus (veja o capítulo 2 do Evangelho de Lucas). O Cristo também se autodenominou “o Bom Pastor” (Evangelho de João, capítulo 10, versículos 11 a 15).
Pedra: solidez, invencibilidade, firmeza.
Perfume: símbolo da alegria. Esse também é, até hoje, o sentido do incenso, que representa o doce aroma das orações que sobem a Deus.
Profeta: pessoa que, corajosamente, denuncia as injustiças e anuncia a mensagem de Deus. Ainda hoje existem esses corajosos homens e mulheres. Todos os batizados, no entanto, são chamados a ser profetas.
Ressurreição: recomeço, vida nova, uma nova chance. É um dos principais alicerces da fé cristã.
Rins: para a antiga cultura hebraica, é o lugar dos sentimentos profundos.
Sangue: símbolo da vida dada por Deus.
Satanás: o adversário, o que prova a fé do homem. É bom observar que o uso desse termo é principalmente simbólico.
Selo: símbolo de que algo pertence a alguém.
Testamento: o mesmo que pacto, acordo.
Vinho: na Bíblia, simboliza principalmente a alegria.
Saiba mais
- Quem desejar aprofundar-se nos símbolos bíblicos, é interessante pesquisar em livros especializados. Há dicionários e livros que tratam desse tema. Para consultas rápidas, recomendo o bem elaborado “Pequeno vocabulário da Bíblia”, do salesiano padre Wolfgang Gruen (Editora Paulus).
- A Igreja mantém em sua liturgia muitos símbolos e gestos semelhantes aos da Bíblia.
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Conheça o significado dos números na Bíblia.