quarta-feira, 30 de julho de 2014

Precisa-se de políticos cristãos


Com base em um artigo publicado no jornal “A Fonte” (n. 7, ago./set. 2014), produzido pela minha querida Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Contagem-MG, desenvolvo aqui algumas ideias que, por limitações de espaço do veículo impresso, ficaram resumidas.


Muitos dizem que a Igreja não deve se envolver com política. Mas essa ideia se baseia, muitas vezes, em desconhecimento, comodismo ou mesmo má-fé de quem quer o Evangelho bem longe da vida pública. O Papa Pio XI, em 1927, disse ser a política uma das mais altas expressões da caridade cristã. Certamente o Pontífice se baseou em um dos significados dessa ciência: “a arte de promover o bem de todos”.

Sobretudo a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), o povo de Deus é convocado a se interessar pelo assunto e a assumir responsabilidades nesse campo. O bom político (sim, eles existem!) tem o privilégio de poder levar o bem a muitas pessoas de uma comunidade e até de um país inteiro. Quem vota também tem um papel fundamental: precisa escolher bem, denunciar erros e acompanhar o trabalho dos eleitos.

O Papa Francisco alerta todos os católicos e dá uma “alfinetada”: “A política está suja por quê? Por que os cristãos não se envolveram nela com o espírito do Evangelho?”. E questiona: “É fácil colocar a culpa nos outros, mas o que eu faço?”.

Já passou da hora de homens e mulheres de boa vontade darem um ar verdadeiramente cristão a essa arte. A atividade política, e não só a partidária, faz parte da fé cristã e até aparece no Catecismo da Igreja Católica (cf. 1897-1927, entre outros trechos).

Quem segue a Jesus (este, o político por excelência) deve respeitar e até animar os irmãos que se dispõem a um cargo eletivo, mesmo se este for para uma associação de bairro ou síndico de um prédio. Isso não significa obrigação em votar neles, mas os acolher. Deve receber bem e questionar os candidatos que visitam as comunidades, mesmo que só em tempo de eleição. Precisa assumir, de forma clara, opções em favor da vida, da justiça e da paz, como na atual campanha pela reforma política, apoiada pelos bispos do Brasil.

Além de partidos ou chapas, há espaço de sobra em conselhos de políticas públicas e de direitos, como os de proteção à criança e ao adolescente, de saúde pública, de segurança, de transporte urbano. Para os jovens, também existem os grêmios escolares e equipes de representantes de turma. O importante é não se acomodar.

É tempo de os cristãos assumirem a continuidade da Criação divina. Para os que acham que política e “sacristia” não combinam, outro alerta, desta vez da Carta de São Tiago: “Meus irmãos, se alguém diz ter fé, mas não tem obras, de que adianta isso? Por acaso a fé poderá salvá-lo?” (Tg 2,14).

E você, o que pensa sobre a relação entre Igreja e política? Participa de algum movimento? Partilhe sua opinião.