terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O presépio é feio





O presépio em si é feio! Feio mesmo! Uma criança que nasce em um cocho, no meio dos animais, num curral! Pai e mãe excluídos, sem plano de saúde, sem teto, sem agasalho e contando apenas com o bafo dos bichos para se aquecerem. As primeiras visitas: um bando de desconhecidos, os então malvistos pastores.

Aos olhos da fé, contudo, o presépio é lindo. Mas, como a legítima espiritualidade, é comprometedor. Após o parto, a mãe envolve o recém-nascido em faixas. O amor cabe em qualquer lugar. Para a decepção dos caçadores cegos de prosperidade, Jesus menino vem pobre, paupérrimo, humilhado, e morre como tal.

É cena desconcertante para quem acha que os sem-tudo são todos vagabundos, e pronto. “E não havia lugar para eles.” Um incômodo para quem, sazonalmente comovido diante do arranjo moldurado por musgos e festões, um dia acaba descobrindo que ainda há crianças nascendo em comedouros de animais, em estábulos, em corredores frios, na rua e em barracos de lona e bambu. Porque não há lugar para eles.

A sagrada estrebaria é um inconveniente aos emocionados com o menino no cocho enfeitado e, ao mesmo tempo, odiosos a quem luta pelos pequenos de hoje não nascerem assim.

Na beleza da fé, um santo, encorajador e feliz Natal!








terça-feira, 18 de novembro de 2014

Formação para a Pastoral da Comunicação em Barbacena

No dia 15 de novembro, estive em Barbacena-MG, para uma formação com os agentes da Pastoral da Comunicação (Pascom) de cinco paróquias da cidade. Estudamos alguns aspectos, como espiritualidade, a evolução no pensamento da Igreja em relação à arte de relacionar-se, técnicas de produção de textos, fotos e de uso das redes sociais. Agradeço a acolhida de todos, sobretudo do padre Mauro Lúcio de Carvalho e dos outros membros da Paróquia São Sebastião, e desejo que o trabalho de todos produza muitos frutos, principalmente para a divulgação da boa notícia, que é Jesus Cristo. Veja a notícia publicada no blogue da Paróquia.




 


quarta-feira, 30 de julho de 2014

Precisa-se de políticos cristãos


Com base em um artigo publicado no jornal “A Fonte” (n. 7, ago./set. 2014), produzido pela minha querida Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, em Contagem-MG, desenvolvo aqui algumas ideias que, por limitações de espaço do veículo impresso, ficaram resumidas.


Muitos dizem que a Igreja não deve se envolver com política. Mas essa ideia se baseia, muitas vezes, em desconhecimento, comodismo ou mesmo má-fé de quem quer o Evangelho bem longe da vida pública. O Papa Pio XI, em 1927, disse ser a política uma das mais altas expressões da caridade cristã. Certamente o Pontífice se baseou em um dos significados dessa ciência: “a arte de promover o bem de todos”.

Sobretudo a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), o povo de Deus é convocado a se interessar pelo assunto e a assumir responsabilidades nesse campo. O bom político (sim, eles existem!) tem o privilégio de poder levar o bem a muitas pessoas de uma comunidade e até de um país inteiro. Quem vota também tem um papel fundamental: precisa escolher bem, denunciar erros e acompanhar o trabalho dos eleitos.

O Papa Francisco alerta todos os católicos e dá uma “alfinetada”: “A política está suja por quê? Por que os cristãos não se envolveram nela com o espírito do Evangelho?”. E questiona: “É fácil colocar a culpa nos outros, mas o que eu faço?”.

Já passou da hora de homens e mulheres de boa vontade darem um ar verdadeiramente cristão a essa arte. A atividade política, e não só a partidária, faz parte da fé cristã e até aparece no Catecismo da Igreja Católica (cf. 1897-1927, entre outros trechos).

Quem segue a Jesus (este, o político por excelência) deve respeitar e até animar os irmãos que se dispõem a um cargo eletivo, mesmo se este for para uma associação de bairro ou síndico de um prédio. Isso não significa obrigação em votar neles, mas os acolher. Deve receber bem e questionar os candidatos que visitam as comunidades, mesmo que só em tempo de eleição. Precisa assumir, de forma clara, opções em favor da vida, da justiça e da paz, como na atual campanha pela reforma política, apoiada pelos bispos do Brasil.

Além de partidos ou chapas, há espaço de sobra em conselhos de políticas públicas e de direitos, como os de proteção à criança e ao adolescente, de saúde pública, de segurança, de transporte urbano. Para os jovens, também existem os grêmios escolares e equipes de representantes de turma. O importante é não se acomodar.

É tempo de os cristãos assumirem a continuidade da Criação divina. Para os que acham que política e “sacristia” não combinam, outro alerta, desta vez da Carta de São Tiago: “Meus irmãos, se alguém diz ter fé, mas não tem obras, de que adianta isso? Por acaso a fé poderá salvá-lo?” (Tg 2,14).

E você, o que pensa sobre a relação entre Igreja e política? Participa de algum movimento? Partilhe sua opinião.