segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Em que os católicos acreditam: a ressurreição de Jesus

Procissão de Páscoa,
Ouro Preto-MG
Três dias depois após a execução de Cristo na cruz, os apóstolos testemunham Jesus vivo, em carne e osso. Se você acha isso estranho, imagine para aqueles homens que viram “ao vivo” esse fenômeno. Evidentemente isso é uma “verdade de fé” (o mesmo que “mistério”), e a lógica puramente humana não cabe nesse caso.

Esse grande mistério é o centro da fé cristã. São Paulo, em sua primeira carta à comunidade cristã de Corinto (Grécia), diz enfaticamente que, se um fiel não acredita nisso, ele está perdendo tempo:

Ora, se nós pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, como é que alguns de vocês dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou; e se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é vazia a fé que vocês têm. Se os mortos não ressuscitam, então somos testemunhas falsas de Deus, pois estamos testemunhando contra Deus, ao dizermos que Deus ressuscitou a Cristo. Pois, se os mortos não ressuscitam, Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é ilusória, e vocês ainda estão nos seus pecados. E, desse modo, aqueles que morreram em Cristo estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens. Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos como primeiro fruto dos que morreram. De fato, já que a morte veio através de um homem [aqui, São Paulo se refere a Adão], também por um homem vem a ressurreição dos mortos (1ª Carta aos Coríntios, capítulo 15, versículos 12 a 21).

A ressurreição no dia a dia


A valorização da vida é fundamental na fé cristã. Assim, o fiel não defende atos que promovam a morte, seja ela física ou espiritual. Por isso a firmeza da Igreja em sua posição contra o aborto, a eutanásia, as drogas, a destruição da dignidade da pessoa e o extermínio da natureza, por exemplo.

Ressuscitar não é simplesmente um ato de voltar a viver. Esse é outro ensinamento para o cristão. O ocorrido com Jesus é uma mensagem dizendo que sempre há tempo para uma vida nova, para recomeçar, ressuscitar. Pela fé cristã, se alguém tem uma vida, digamos, desregrada, essa pessoa pode começar agora, neste minuto, uma história diferente, baseada no bem. É o que se pode chamar de conversão (não necessariamente a uma igreja específica) e, mais profundamente, de ressurreição.

A verdadeira morte


Você pode estar se perguntando sobre o que é a morte no olhar cristão. Vejamos: uma pessoa, para estar morta, não necessariamente precisa descer ao túmulo. Há vários vivos mortos, ou seja, estão vivos fisicamente, mas com o espírito escravizado pelas várias formas de egoísmo, pela falta de amor a si e ao outro, e até pela falta de consciência do próprio corpo, de viver plenamente as alegrias e dores do dia a dia. Mais do que tentar dar esclarecimentos, é bom fazer-nos uma pergunta: uma vida no mal já não seria o início da condenação eterna, da morte em si? Precisa ainda haver inferno?

A vida além-túmulo


Segundo a doutrina cristã, incontestavelmente, há vida após a morte. Por isso, quando um católico conversa com um santo, um parente já falecido, ele não está invocando os mortos, como pensam alguns, mas falando a uma pessoa considerada viva, que ressuscitou e está na eternidade.

Os católicos acreditam que, após sua morte física, ressuscitarão em espírito, para, depois, no Juízo Final, no chamado “último dia”, ressuscitar também em carne, como aconteceu com Cristo (e, conforme ensina a Igreja, foi antecipado a Maria, a mãe de Jesus).

O cristianismo e a reencarnação


A reencarnação não é aceita pela maioria das denominações cristãs. Um dos argumentos, entre tantos, é que Jesus Cristo venceu a morte para resgatar da morte física e espiritual, e de uma vez por todas, a humanidade. O cristão que aceita a ideia da reencarnação admite estar incompleta a salvação de Cristo, algo considerado uma contradição diante da própria fé.

Com base nesse conceito, quando um cristão morre, não é adequado dizer que o finado “desencarnou”. Esse termo é mais adequado a um adepto do espiritismo ou de outras religiões que pregam a reencarnação. Como já foi dito antes, praticamente todos os cristãos acreditam na ressurreição.

Rua de Ouro Preto-MG enfeitada para a
procissão do Domingo da Ressurreição

Domingo: o Dia do Senhor


A ressurreição de Jesus Cristo é tão importante para a crença católica que a principal festa da Igreja é a Páscoa, quando se celebra esse mistério. Toda a liturgia lembra a alegria, tanto na decoração dos altares quanto na animação do espírito de um fiel que tem alguma noção do significado dessa data.
A Páscoa de Cristo é comemorada a toda hora. O domingo, no entanto, é um dia privilegiado para essa celebração. Assim, para os católicos e fiéis de muitas outras igrejas cristãs, o domingo é o dia sagrado (o Dia do Senhor), o dia em que Jesus voltou à vida, segundo os evangelhos.

A liturgia dominical católica começa na tarde do sábado e vai até o fim do domingo. Essa configuração se baseia na forma como os judeus contavam as horas do dia, começando pelo entardecer da véspera e terminando no entardecer seguinte.

Procissão de Páscoa,
Ouro Preto-MG

Saiba mais



- Para aprofundar mais sobre o tema da ressurreição de Cristo, nada melhor do que consultar os próprios evangelhos, a principal fonte da fé cristã. Eis as indicações:
Evangelho de São Mateus, capítulo 28, versículos 1 a 8;
Evangelho de São Marcos, capítulo 16, versículos 1 a 9;
Evangelho de São Lucas, capítulo 24, versículos 1 a 12; e
Evangelho de São João, todo o capítulo 20.

- Compêndio do Catecismo da Igreja (números 112 a 131)




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